segunda-feira, 7 de abril de 2014

Seis de Abril

Vinte minutos passam do meio dia e o som de um recém nascido ecoa nos corredores pintados de cinzento da morrinha que caia na rua. O som passa pelas portas fechadas como a agua passava pela terra seca no exterior do edifício com 48 anos, apenas a 21 dias de fazer 49 anos, e vem bater forte ficando cravado no coração que esperava e ansiava pela vinda do seu primogénito, tal tinta de uma tatuagem fica por baixo da pele.
Era o sexto dia do quarto mês do ano 2001 DC, imutável para sempre no calendário Juliano.
Pode mudar tudo, pode mudar o estado do tempo, a cor do céu, a refeição da manhã ou até o petisco da tarde, só não muda o som do dia. Imutável como as colinas que o acolheram e que antes dele acolheram gerações de crianças que fizeram e fazem os dias felizes e a razão da existência de quem já por cá andava.

Pode mudar a cor do cabelo de castanho para branco, a textura da pele de lisa para enrugada, só não muda o som que entrou por todos os poros de um corpo e ficaram cravados no coração.
Pode mudar os minutos do dia, os metros e as distancias, só não muda o som do choro de um recém nascido, que para sempre será.

Sem comentários:

Enviar um comentário