Vinte minutos passam do meio dia e o som de um recém nascido ecoa
nos corredores pintados de cinzento da morrinha que caia na rua. O
som passa pelas portas fechadas como a agua passava pela terra seca
no exterior do edifício com 48 anos, apenas a 21 dias de fazer 49
anos, e vem bater forte ficando cravado no coração que esperava e
ansiava pela vinda do seu primogénito, tal tinta de uma tatuagem fica
por baixo da pele.
Era o sexto dia do quarto mês do ano 2001 DC, imutável para
sempre no calendário Juliano.
Pode mudar tudo, pode mudar o estado do tempo, a cor do céu, a
refeição da manhã ou até o petisco da tarde, só não muda o som
do dia. Imutável como as colinas que o acolheram e que antes dele
acolheram gerações de crianças que fizeram e fazem os dias felizes
e a razão da existência de quem já por cá andava.
Pode mudar a cor do cabelo de castanho para branco, a textura da
pele de lisa para enrugada, só não muda o som que entrou por todos
os poros de um corpo e ficaram cravados no coração.
Pode mudar os minutos do dia, os metros e as distancias, só não muda o som do choro de um recém nascido, que para sempre será.
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