terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Da Lucidez


Na conferência de imprensa do cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, sobressai-me a simplicidade e a transparência de uma mente notável. Em contraponto com alguns jornalistas, que quando era o tempo das perguntas, notava-se que estiveram todo o tempo a pensar, não se sabe bem no que, pois colocaram questões já abordadas na declaração, do D. José. Enfim, é a nossa sociedade actual, com poucas pessoas de valor e muitas, demasiadas, sem nenhum.
A conferência era sobre a renúncia de sua Santidade o Papa Bento XVI, e aqui embora, não possa dizer que seria um Papa da minha eleição, tenho que me curvar aos valores murais apresentados pela sua acção. A Renuncia é um acto de Humildade e Lucidez, rara nos nossos dias.
Portugal é pródigo em exemplos de falta de lucidez, e mais ainda em falta de humildade. Desde as mais altas instancias até ao mais pequeno, é raro encontrar alguém que em algum momento no tempo, e no seu trabalho ou na sua vida, reconheça que errou e que peça desculpa ou se retire das suas funções.
A justificação, de que se trata de servir num Ministério, é exactamente o servir, estar ao dispor, o que me volta a lembrar a ambiguidade de valores e de formas de se ver o trabalho ministerial. Embora não esteja directamente a falar nos cargos políticos, estes são de serviço, não de titularidade. Por tal, Sua Santidade o Papa Bento XVI, achou enquanto a lucidez o permitisse, que o Ministério que ocupa, será melhor servido, por alguém com melhores capacidades físicas e por tal curva-se perante quem o nomeou e rescinde.
É interessante como é encarada a vitalidade dos cargos, questão que só entra no âmbito da religião e da governação enquanto forma de reinado. Não se tratam de democracias puras estes dois estratos sociais, no entanto, são por vezes mais democratas e serventes da sociedade que os Governos democratas dos mundos ocidentalizados.
Em especial no que se refere ao Clero, quando alguém que entra para um Seminários, por vocação ou por necessidades financeiras ou sociais, esta a por à disposição, mesmo não sendo esse o seu horizonte de vida, a possibilidade de chegar a ser o mais alto servo de Deus, no caso do cristianismo, pois é o que conheço melhor.
Embora já tenha referido, eu curvo-me perante tamanha humildade.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

sexto sentido

Hoje ao ver o filme "Os Substitutos", no original "Surrogates", quando Bruce Willis está na cena em que sai do Hospital, e defronta-se com a rua cheia de gente, sons e informação, onde não estava à muito tempo, percebesse que existe ali uma realidade dos nossos dias.
O personagem de Bruce Willis, Greer, enfrenta os transeuntes, que são todos eles Robôs (Os Substitutos das pessoas reais) e sente-se invadido pelo olhar percrutorio dos outros que estão fechados no conforto e segurança das suas casas e casulos. 
A sociedade moderna não olha, não observa por regra, a maior parte das pessoas que andam na rua limitam-se a fazer a deslocação de um corpo do ponto A para o ponto B, sem se perceberem do meio ambiente envolvente.
É claro que Greer se sente invadido na sua privacidade pelo olhar dos outros. Ninguém esta habituado a ser observado, mas se recordarmos  o que acontecia, não à muito tempo, 30 ou 40 anos a traz, nas nossas aldeia e vilas, podemos perfeitamente chegar a conclusão que as pessoas, olhavam para quem se cruzavam e, espantem-se, cumprimentavam-se cordialmente com um bom dia ou outro cumprimento mais apropriado para a altura do dia ou para com o interlocutor.
Tudo isto ficou perdido no caminho migratório das aldeias e vilas para as grandes cidades.
Hoje ninguém vê com quem se cruza, ninguém cumprimenta, e de facto quando observado, devia-se o olhar e questiona-se o que esta de errado "comigo"!
O filme, até é interessante e a ficção do argumento não é má, mas a mensagem melhor, vem no fim do filme, tal como a imagem, o que é de facto importante é o contacto entre as pessoas, o toque, o olhar, as palavras e sobretudo, o sexto sentido estar activo.